Indução profissional e o início do trabalho docente: debates e necessidades

Autores

  • Giseli Barreto da Cruz Universidade Federal do Rio de Janeiro http://orcid.org/0000-0001-5581-427X
  • Isabel Maria Sabino de Farias Universidade Estadual do Ceará
  • Márcia de Souza Hobold Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.14244/198271994149

Palavras-chave:

Formação de professores, Inserção profissional docente, Indução profissional docente, Trabalho docente.

Resumo

Este escrito, em forma de um ensaio teórico, objetiva problematizar o conceito de indução profissional docente, reflexão desenvolvida em diálogo com a análise sobre as possibilidades e fragilidades que permeiam o começo da carreira docente. O artigo parte da distinção dos termos inserção profissional, professores iniciantes, professores principiantes, professores ingressantes e indução docente, todos articulados ao campo da formação de professores. Neste percurso discute concepções e políticas de indução profissional docente na busca por evidenciar a indução não como uma forma de induzir os professores em início de carreira à continuidade no trabalho docente, mas como um constructo que reconhece e defende a necessidade de que esses professores tenham espaço de formação, acolhimento e acompanhamento de sua atuação profissional. Argumenta-se que o conceito de indução entre nós não pode ser incorporado sem uma compreensão crítica em relação às condições objetivas e subjetivas de trabalho vividas pelos professores, as quais, em muitos países estrangeiros, são bem mais adequadas do que na realidade brasileira. As análises deste ensaio encontram-se sustentadas nos estudos de: Alarcão e Roldão; Cochran-Smith; Lima; Marcelo; Marcelo e Vaillant; Vaillant.

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Biografia do Autor

Giseli Barreto da Cruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professora da do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UFRJ. Doutora em Educação pela PUC-Rio. Estágio Pós-Doutoral (PDJ/CNPq) na PUC/SP. Coordenadora do LEPED - Laboratório de Estudos e Pesquisas em Didática e Formação de Professores dda UFRJ.

Isabel Maria Sabino de Farias, Universidade Estadual do Ceará

Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com estágio pós-doutoral pela UNB. Licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Professora associada da UECE, vinculada ao Curso de Pedagogia e ao Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado). Coordenou o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID na UECE (2010 a 02/2014). Vice-presidente Nordeste da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - ANPEd (2015-2019). Líder do grupo de pesquisa Educação, Cultura Escolar e Sociedade (EDUCAS), onde desenvolve estudos sobre desenvolvimento profissional docente, inovação e docência. Coordena o Observatório sobre Desenvolvimento Profissional e Inovação Pedagógica, iniciativa apoiada pelo OBEDUC/CAPES.

Márcia de Souza Hobold, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Educação (Psicologia da Educação), pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP. De 2013 a 2015 realizou seu Estágio de Pós-doutoranda, na PUC SP, com bolsa do CNPq, sob supervisão da Professora Marli André. Atualmente é Professora efetiva de Didática do Departamento de Metodologia de Ensino e do Programa de Pós-Graduação em Educação - PPGE, do Centro de Ciências da Educação - CED, da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Foi professora da Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE (2008-2017), atuando no Departamento de Psicologia e no Programa de Mestrado em Educação. Atuou como coordenadora do Programa de Mestrado em Educação, da UNIVILLE, por quatro anos (2013 a 2016), e mais dois anos como vice-coordenadora (2011-2012). No Programa de Mestrado em Educação lecionou as disciplinas obrigatórias da linha de pesquisa trabalho e formação docente. Foi vice-coordenadora do GT 8 (Formação de Professores), gestão 2017-2018 e, atualmente, é a coordenadora do GT 8, nos anos de 2018-2019. Desenvolve pesquisas sobre a formação de professores (inicial e continuada), Didática (práticas de ensino), condições de trabalho, início da docência, profissionalidade, identidade e saberes docentes. Atuou por dezoito anos no Ensino Fundamental e no Ensino Médio, exercendo as funções de professora, Orientadora Educacional e Coordenadora Pedagógica. Desde 2005, integra o Núcleo de Pesquisa sobre o Desenvolvimento Profissional dos Professores do Programa de Educação - Psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC SP. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisa: Formação de Professores e Práticas de Ensino - FOPPE, da UFSC. Também integra a Rede Interinstitucional de Pesquisas sobre a Formação e as Práticas Docentes (RIPEFOR). ORCID https://orcid.org/0000-0002-4179-608X

 

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Publicado

09-10-2020

Como Citar

CRUZ, G. B. da; FARIAS, I. M. S. de; HOBOLD, M. de S. Indução profissional e o início do trabalho docente: debates e necessidades . Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 14, p. e4149114, 2020. DOI: 10.14244/198271994149. Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/4149. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Formação e inserção profissional de professores iniciantes: conceitos e práticas
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