Prorrogação do prazo para submissões de trabalhos para o Dossiê temático: Para Pensar a Docência na Educação Básica até dia 15/01/24
O presente Dossiê traz como proposta o Pensar a Docência na Educação Básica enquanto materialidade de discursos advindos de campos diversos, tais como o do currículo, da formação de professores, da prática pedagógica, dos fundamentos da educação, entre outros que se mostram basilares na formação, conformação e produção das identidades docentes. Essa visão caleidoscópica fortalece a percepção de que o que se produz na Área da Educação move-se para além de campos de investigação fendidos. Ao contrário, ela congrega, reúne, mistura, combina, borra fronteiras, produz matizes e nuances acerca dos conhecimentos, para este Dossiê, conhecimentos da Docência. Uma temática em pauta na atualidade e recorrente em todo o mundo, tendo em vista as discussões oriundas das políticas e normativas de formação de professores e assistentes escolares contemporâneas, em especial, decorrente das investigações envolvendo a prática docente e suas implicações na formação dos sujeitos escolares. Assim sendo, urge que pensemos a docência como um todo. Não mais como partes.
Nesse sentido, nota-se a importância deste dossiê, tendo em vista vislumbrar a ação docente para além de um único e engessado prisma. Haja vista, também, tratar-se de trama, constelação discursiva, concatenação, tecida e engendrada em meio a políticas, documentos normativos, formação inicial e continuada de professores, práticas pedagógicas, os quais se assentam em um conjunto de saberes e fazeres considerados verdadeiros em um tempo e um espaço histórico, social e cultural.
Pesquisadores como Gauthier et al. (1998), Pimenta (1999), Tardif (2002), Tardif e Lessard (2014), Gil e Hernández-Hernández (2016), Larrosa (2018), entre outros, vêm chamando a atenção para a complexidade desse conjunto de saberes necessários à docência, os quais envolvem, além do conhecimento de conteúdo, outros saberes, tais como: i) pedagógico de conteúdo, ii) das ciências da educação, iii) do currículo da Educação Básica, iv) dos alunos, v) dos contextos educacionais e, vi) das finalidades educativas, filiados e implicados a questões, teorizações, práticas e desafios do seu espaço-tempo. Uma docência vista, tautocronamente, como um campo de disputa e de criação, na "reunião mútua e dialética da teoria e da prática educativas" (HOUSSAYE, 2004, p. 10), considerando que a docência demanda a junção entre esses dois elementos. O que nos instiga a tentar problematizar, compreender, investigar, "puxar" os fios da trama destes tempos Para Pensar a Docência na Educação Básica. Tal operação incita a criação de pequenas suturas, fraturas, brechas, afinal, a docência é um processo em constante (re)construção, feitura, (re)invenção, mutação, (re)criação e (trans)formação.
Nas fronteiras do pensamento sobre a Educação Básica, esperamos que o Dossiê contribua para abrir os campos do olhar e das possibilidades; que, em cada momento pedagógico, os textos sejam ativadores de provocações, análises, identificações e criações de estratégias; que possam abrir o campo dos sentidos e significados da docência, evidenciando possibilidades outras, implicando investimentos nas potencialidades de cada sujeito e de cada processo. E isso, na medida em que para a formação e a prática docente – que se afirma como lugar de produção e (re)invenção e não de mera reprodução do existente – é coerente, "fazer com que o mundo apareça aberto." (LARROSA, 2001, p. 49). Por isso, reconectamo-nos com as temporalidades do antes, do durante e do depois, fazendo com que tenhamos a partir do Dossiê um espaço-tempo "aberto" Para Pensar a Docência na Educação Básica. O desejo é que os textos funcionem como uma espécie de máquina para agenciar o reconhecimento da importância social da educação e do acento em pensar a Educação Básica a partir dos saberes e dos fazeres da docência.
Dito isso, em um movimento de contribuir para o compartilhamento dos saberes que têm sido produzidos acerca da Docência nos espaços-tempos universitários do Brasil, da Espanha, da França, da Argentina e de Portugal, é que se engendrou a organização dos textos que compõem esta proposta. Eis aí, sobretudo, a originalidade do presente Dossiê: o entrelaçamento desses diferentes lugares em que a Docência se torna visível e é colocada, por cada pesquisador e pesquisadora, como foco de problematização. Afinal, para compreendermos sua trama discursiva é preciso reunir esforços para que suas linhas, fios e traços sejam analisados desde uma perspectiva que coloca em movimento o entrelaçamento entre o local e o global, uma vez que há uma inseparabilidade cada vez mais ativa entre tais esferas. Por isso mesmo, nossos esforços em contemplar autores e autoras referência em suas áreas de atuação e pesquisas, suas abordagens e seus objetos de estudos, os quais mostram fecundo potencial de inserção das discussões em diferentes pontos do Brasil e em diferentes localidades do exterior.
Referências:
GAUTHIER, Clermont et al. Por uma teoria da Pedagogia. Pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Unijuí: UNIJUÍ, 1998.
GIL, Sancho; HERNÁNDEZ-HERNÁNDEZ, Fernando (Orgs.). Professores na incerteza: aprender a docência no mundo atual. Porto Alegre: Penso, 2016.
HOUSSAYE, Jean. Pedagogia: justiça para uma causa perdida? In: HOUSSAYE, Jean et al. Manifesto a favor dos pedagogos. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 09-45.
LARROSA, Jorge. Pedagogia profana. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
LARROSA, Jorge. Esperando não se sabe o quê: sobre o ofício de professor. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.
PIMENTA, Selma Garrido (Org.). Saberes Pedagógicos e Atividade Docente. São Paulo: Cortez, 1999.
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
TARDIF, Maurice; LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. 9ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.
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