Para uma compreensão da violência divina na educação: análise do conto A Benfazeja de Guimarães Rosa

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244/198271993829

Palavras-chave:

Educação, Violência, Literatura, Hermenêutica.

Resumo

Discutiremos, neste artigo, a complexa tecitura da violência divina no campo da educação e sua configuração na literatura em um conto de Guimarães Rosa. O conceito de violência divina foi desenvolvido por Walter Benjamin, que percebeu a educação como um dos exemplos para a aparição desta violência. Tal análise se sustenta também na visão do autor como perspicaz crítico literário, que expressou sua compreensão de que a arte possa ser manifestação de conteúdos implícitos, fragmentados e soterrados pela história contada nas versões oficiais. No “desvio” benjaminiano, esta análise pretende, à luz da hermenêutica filosófica e da psicologia, buscar um entendimento enriquecido e diferenciado que convide o leitor a uma compreensão mais profunda do texto e no que isso importa, para outro olhar sobre a educação. Benjamin caracterizou a violência em dois tipos: a violência mítica e a violência divina. O autor refere que a violência mítica recebe esse nome por ser cíclica, por se repetir entre instauração e manutenção do sistema. A violência divina rompe com o ciclo, pois de-põe o sistema, sem a intenção de instaurar nada no lugar, ela apenas se insurge, se rebela. Buscaremos, nesse sentido, uma possibilidade de oposição à violência mítica que compreendemos como a violência do Estado (que detém seu monopólio) e da manutenção do poder, conforme Walter Benjamin explicita no texto “Para uma crítica da violência” (1921).

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Sérgio Ricardo Silva Gacki, Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA

Filosofia, Filosofia da educação

Patrícia Rosí Prohmann, Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Psicologia, Educação, Filosofia da Educação

Referências

BARRENTO, João. Walter Benjamin: limiar, fronteira e método. Revista Olho d'água, UNESP/ São José do Rio Preto, 4(2): 1-115, Jul. – Dez./2012.

BENJAMIN, Walter. Para uma crítica da violência. In: Escritos sobre Mito e Linguagem (1915-1921). São Paulo: Editora 34, 2011.

BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito de história. Tradução de Jeanne Marie Gagnebin e Marcos L. Müller. In: LÖWY, M. Walter Benjamin: aviso de incêndio – uma leitura das teses “sobre o conceito de história”. São Paulo: Boitempo, 2005. p. 41-142.

BUTLER, Judith. Caminhos divergentes: judaicidade e crítica do sionismo. 1a.ed. São Paulo: Boitempo, 2017.

CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

MBEMBE, Achile. A era do humanismo está terminando. Revista Eletrônica Pensar Contemporâneo. Publicado em 25/01/2017. (Pesquisado em 05/07/2020). https://www.pensarcontemporaneo.com/humanismo-mbembe/?fbclid=IwAR1QA8R28Qc665dNp4LH6A3t2yD5y4k3yo70bpmEFPVSGa5P-IbjJWI0q-A

ROHDEN, Luiz; PIRES, Cecília (orgs.). Filosofia e literatura: uma relação transacional. Ijuí : Unijuí, 2009.

ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. 15.a ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Downloads

Publicado

23-02-2021

Como Citar

GACKI, S. R. S.; PROHMANN, P. R. Para uma compreensão da violência divina na educação: análise do conto A Benfazeja de Guimarães Rosa. Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 15, p. e3829003, 2021. DOI: 10.14244/198271993829. Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/3829. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Demanda Contínua - Artigos
##plugins.generic.dates.received## 2019-11-10
##plugins.generic.dates.accepted## 2022-05-21
##plugins.generic.dates.published## 2021-02-23