Ler-escrever gêneros discursivos acadêmicos na formação inicial docente: um desafio para o ensino superior
DOI:
https://doi.org/10.14244/198271994332Palavras-chave:
Formação docente, Leitura, Escrita, Ensino superior.Resumo
Este ensaio apresenta reflexões de um grupo de professoras/es pesquisadoras/es que, mediante uso de formas variadas de registro em ações de ensino e extensão promovidas pelo Laboratório de Letramentos Acadêmicos (LabLA/UFF), tem coletado relatos de participantes acerca das práticas de ler-escrever gêneros discursivos da esfera acadêmica, reconhecidos como sustentáculos da formação para a práxis educativa. Dessa forma, defende-se a tese segundo a qual essas práticas docentes de ler-escrever na universidade têm se distanciado do uso da linguagem como prática social na/da construção discente e eixo formativo indispensável para a docência, o que conduz à problematização: qual é o papel de professores universitárias/os pesquisadoras/es no trabalho com a insuficiente proficiência de graduandas/os e de professoras/es da educação básica durante suas performances de leitura/escrita na esfera acadêmica? Partindo da perspectiva dialógica, discursiva e histórica da linguagem, intenciona-se discutir os eixos ler-escrever gêneros discursivos acadêmicos na formação docente cujo ensino é parte fundamental do trabalho de professoras/es universitárias/os. Como considerações finais, reitera-se que a comunidade discursiva acadêmica e, mormente, o docente do ensino superior são responsáveis por propiciar às/aos estudantes práticas de letramento em que o ensinar-aprender pela pesquisa para o trabalho docente seja central, com ênfase no processo de orientação como trabalho de formação de professoras/es para a educação básica, sem prescindir do entendimento do processo de fazer pesquisa, da parcialidade nas ciências, da história da divisão social do trabalho docente para (re)conhecer e (re)criar sua função na sociedade e da necessidade de (re)encontro entre fazeres científicos e pedagógicos na práxis docente.
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