Educação, psicanálise e conflito: entrelaçamentos pela Pedagogia Institucional - entrevista com Bruno Robbes

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14244/198271994008

Palavras-chave:

Conflito e educação, Psicanálise, Pedagogia Institucional, Entrevista.

Resumo

A Pedagogia Institucional é uma proposta educacional originada no seio do Movimento Freinet, no final dos anos 1950, que se ancora na psicanálise, tomando o inconsciente como fator a ser considerado nas determinações de importantes processos escolares, entre os quais está a gestão de conflitos relacionais. Presumindo que o conflito psíquico de desejos e pulsões com os limites culturais é motivador da aprendizagem, associa a violência à pulsão de morte e compreende o processo educacional como a humanização no seio de uma cultura que, ao mesmo tempo, deve regular o mortífero e valorizar o vital, ambos inerentes ao pulsional. Identifica-se, então, como uma pedagogia do conflito. Não só relendo técnicas do método Freinet, mas atenta a processos grupais, desenvolveu alguns de seus próprios dispositivos (também chamados instituições), voltados para o desenvolvimento da expressão verbal de pensamentos e sentimentos, com a regulação de leis, lugares e limites que organizam o cotidiano pedagógico e medeiam os vínculos horizontais e verticais, valorizando-se a turma e a escola como coletivos, no sentido psicológico e político do termo. Bruno Robbes, pedagogo e professor de Ciências da Educação na Universidade Cergy Paris, é especialista nessa corrente e, nesta entrevista, trata de temas como a autoridade educativa, o futuro do trabalho docente, o manejo de conflitos e o estresse de profissionais da educação a eles relacionado, discutindo estes temas a partir das interlocuções da educação com a psicanálise, com ênfase sobre a leitura que delas faz a teoria lacaniana, em cujos fundamentos essa Pedagogia está enraizada.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Fernando Cézar Bezerra de Andrade, UFPB

Graduado em Psicologia, Filosofia e Letras. Especialista em Teoria Psicanalítica, Mestre e Doutor em Educação, foi bolsista CAPES em Doutorado Sanduíche realizado na Université de Paris - Nanterre. É professor do Departamento de Fundamentação da Educação, dos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGE-Centro de Educação) e em Direitos Humanos (PPGDH-Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes) da UFPB. Tem experiência nas áreas de Psicologia e de Educação, com ênfase em Fundamentos da Educação.

Katherinne Rozy Vieira Gonzaga, Aluna do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba

Doutora em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação (UFPB), Mestre em Educação (UFPB), Especialista em Psicologia Clínica - Psicanálise (UNEPSI/PB) e Especialização na Área da Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes (TELELACRI/USP). Possui graduação em Psicologia Clínica, Organizacional e Escolar e Licenciatura em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1999). Psicanalista da Sociedade Psicanalítica da Paraíba (SPP) e Membro do Grupo Winnicott Paraíba - GWPB.

Referências

ARDOINO, Jacques. Les avatars de l’éducation. Paris: PUF, 2000.

ARDOINO, Jacques. Autorité. In: BARUS-MICHEL, Jacqueline; Enriquez, Eugène; Lévy, André. (Org.). Vocabulaire de psychosociologie: Positions et références. Toulouse: Érès, 2013, p. 63-66.

ARDOINO, Jacques; BARUS-MICHEL, Jacqueline. Sujet. In: BARUS-MICHEL, Jacqueline; Enriquez, Eugène; Lévy, André. (Org.). Vocabulaire de psychosociologie: Positions et références. Toulouse: Érès, 2013, p. 267-274.

BALINT, Michael. Le Médecin, son malade et la maladie. Paris: Payot, 2003.

BENADUSI, Luciano. Compétence et employabilité. In: VAN ZANTEN, Agnès. (Coord.). Dictionnaire de l’Éducation. Paris: PUF, 2008, p. 75-79.

BLANCHARD-LAVILLE, Claudine. Penser un accompagnement de chercheurs en groupe. In: CIFALI, Mireille; THÉBERGE, Mariette; BOURASSA, Michelle. Cliniques actuelles de l’accompagnement. Paris: L’Harmattan, 2010, p. 67-86.

BLANCHARD-LAVILLE, Claudine; CHAUSSECOURTE, Philippe; HATCHUEL, Françoise; PECHBERTY, Bernard. Recherches cliniques d’orientation psychanalytique dans le champ de l’éducation et de la formation. Revue française de pédagogie, [S.l.], v.151, p. 111-162, 2005.

BRETON, Philippe. La “société de la connaissance”: généalogie d’une double réduction. Éducation et sociétés, v. 15, n. 1, p. 45-57, 2005.

CANAT, Sylvie. Une autorité qui ne fait pas ses preuves… Empan, v. 63, n. 3, p. 66-78, 2006.

CIFALI, Mireille. Partis pris entre théories et pratiques cliniques. In: CIFALI, Mireille; GIUST-DESPRAIRIES, Florence. (Org.). De la clinique: Un engagement pour la formation et la recherche. Bruxelles: De Boeck, 2006. Chapitre 7, p. 127-144.

CIFALI, Mireille. Exigences d’une position clinique. Chemins de formation, n. 10/11, p. 68-75, 2007.

CIFALI, Mireille. Une pensée affectée pour l’action professionnelle. In: CIFALI, Mireille; GIUST-DESPRAIRIES, Florence. (Org.). Formation clinique et travail de la pensée. Bruxelles: De Boeck, 2008, p. 129-147.

CIFALI, Mireille; Imbert, Francis. Freud et la pédagogie. Paris: PUF. 1998.

CIFALI, Mireille; Moll, Jeanne. Pédagogie et psychanalyse. Paris: Dunod, 1985.

CIFALI, Mireille. Préserver un lien. Éthique des métiers de la relation. Paris: PUF, 2019.

DARCOS, Xavier; MEIRIEU, Philippe. Deux voix pour une école. Paris, França: Desclée de Brouwer, 2003.

DE GAULEJAC, Vincent. La société malade de la gestión: idéologie gestionnaire, pouvoir managérial et harcèlement social. Paris: Éditions du Seuil, 2009.

DE GAULEJAC, Vincent. Travail, les raisons de la colère. Paris: Éditions du Seuil, 2011.

DEJOURS, Christophe. Le choix: Souffrir au travail n’est pas une fatalité. Paris: Bayard, 2015.

DE VECCHI, Gérard. Former l’esprit critique: Pour une pensée libre. Paris: ESF, 2016. v. 1.

FAVRE, Daniel. Éduquer à l’incertitude – Élèves, enseignants: comment sortir du piège du dogmatisme? Paris: Dunod, 2016.

FILLOUX, Jean-Claude. Psychanalyse et pédagogie: Ou d’une prise en compte de l’inconscient dans le champ pédagogique. Revue française de pédagogie, Paris, nº 81, p. 69-102, 1987.

FRANÇA. Ministère de l'Éducation Nationale et de la Jeunesse. Déconstruire la désinformation et les théories conspirationnistes. França, 2019. Disponível em: https://eduscol.education.fr/cid95488/deconstruire-la-desinformation-et-les-theories-conspirationnistes.html%20;%20http://www.gouvernement.fr/on-te-manipule. Acesso em: 10 jan. 2020.

FREUD, Sigmund (1933). Nouvelles conférences d’introduction à la psychanalyse. Paris: Gallimard, 1984.

GEFFARD, Patrick. Fernand Oury et la P.I. Disponível em: http://pig.asso.free.fr/Fernand_Oury.htm. Acesso em: 10 jan. 2020.

HOUSSAYE, Jean. La Pédagogie traditionnelle: une histoire de la pédagogie. Paris: Fabert, 2014.

IMBERT, Francis. L’inconscient dans la classe. Paris: ESF, 1996.

IMBERT, Francis. Imaginaire et symbolique. Repères pour des enseignants. In: PICQUENOT, Alain (coord.). Il fait moins noir quand quelqu’un parle: Éducation et psychanalyse aujourd’hui. Dijon: SCÉREN-CRDP de Bourgogne, 2002, p. 151-158.

IMBERT, Francis. Vocabulaire pour la pédagogie institutionnelle. Vigneux: Matrice. 2010.

JEFFREY, Denis. Crise de l’autorité et enseignement. Éducation et francophonie, XXX, 1, p. 1-7. 2002. Disponível em: http://www.acelf.ca/c/revue/revuehtml/30-1/07-Jeffrey.html. Acesso em: 10 jan. 2020.

JUBIN, Philippe. Les écarts dans les relations. In: HOUSSAYE, Jean (Org.). La pédagogie: une encyclopédie pour aujourd’hui. Paris: ESF, 1993, p. 179-190.

LAFFITTE, René (Org.). Essais de pédagogie institutionnelle. Nîmes: Champ social Editions, 2006.

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulaire de la psychanalyse. Paris: PUF, 1990.

MARPEAU, Jacques. Le processus d’autorisation. In: MARPEAU, Jacques. Le processus éducatif: La construction de la personne comme sujet responsable de ses actes. Ramonville Saint-Agne: Erès, 2000, p. 177-193.

MAZET, Sophie. Manuel d’autodéfense intellectuelle. Paris: Robert Laffont, 2015.

MEIRIEU, Philippe. Quelle autorité pour quelle éducation? Rencontres internationales de Genève. Setembro de 2005. Disponível em: https://www.crefe38.fr/IMG/pdf/Meirieu_autorite_2005.pdf. Acesso em: 09 jan. 2020.

MEIRIEU, Philippe. Le maître, serviteur public. Sur quoi fonder l’autorité des enseignants dans nos sociétés démocratiques? Conférence donnée dans le cadre de l’école d’été de Rosa Sensat, Université de Barcelone, Julho de 2008. Disponível em: http://meirieu.com/ARTICLES/maitre_serviteur_public.htm. Acesso em: 08 jan. 2020.

OURY, Fernand; POCHET, Catherine. Qui c’est l’Conseil? Paris: Maspéro, 1979.

PAIN, Jacques. La violence institutionnelle? Aller plus loin dans la question sociale. Cahiers critiques de thérapie familiale et de pratiques de réseaux. Paris, v. 1, nº 24, p. 133-155, 2000.

PETITOT, Françoise. De l’enfant-roi à l’enfant-victime: l’enfant oublié. In: GAVARINI, Laurence; LEBRUN, Jean-Pierre; PETITOT, Françoise. Avatars et désarrois de l’enfant-roi. Paris: Fabert, 2011, p. 11-24.

POCHET, Catherine; OURY, Fernand; OURY, Jean. L’année dernière, j’étais mort… signé Miloud. Vigneux: Matrice, 1986.

REY, Bernard. Autorité et relation pédagogique. In: CHAPPAZ, Georges. L’autorité en pannes… Entre besoin de soumettre et désir d’éduquer. Aix-Marseille: Université de Provence, 2004a, p. 113-128.

REY, Bernard. Discipline en classe et autorité de l’enseignant: eléments de reflexión et d’action. Bruxelles: De Boeck, 2004b.

REY, Bernard. Autour des mots “compétence” et “compétence professionnelle”. Recherche et formation, v. 60, p. 103-106, 2009.

ROBBES, Bruno. Comment aborder concrètement la question de la sanction dans un cours de morale? Rev. Diotime – Revue Internationale de didactique de la philosophie, v. 61, julho de 2014. Disponível em: http://www.educ-revues.fr/DIOTIME/AffichageDocument.aspx?iddoc=99877. Acesso em: 06 jan. 2020.

ROBBES, Bruno. L’autorité enseignante. Approche clinique. Nîmes: Champ social, 2016.

ROBBES, Bruno. A pedagogia institucional na França e no Brasil: disciplina escolar, autoridade e o manejo. In: ANDRADE, Fernando Cézar Bezerra de; BURITY SERPA, Marta Helena; GONZAGA, Katherinne Rozy Vieira (Orgs.). No coração da escola: Origens, Teoria e Práticas da Pedagogia institucional. Curitiba: Editora CRV, 2018, p. 37-56.

VASQUEZ, Aïda; OURY, Fernand. Vers une pédagogie institutionnelle. Paris: Maspéro, 1967.

VASQUEZ, Aïda; OURY, Fernand. De la classe coopérative à la pédagogie institutionnelle. Paris: Maspéro, 1971.

Downloads

Publicado

22-12-2021

Como Citar

DE ANDRADE, F. C. B.; GONZAGA, K. R. V. Educação, psicanálise e conflito: entrelaçamentos pela Pedagogia Institucional - entrevista com Bruno Robbes. Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 15, p. e4008080, 2021. DOI: 10.14244/198271994008. Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/4008. Acesso em: 29 mar. 2024.
##plugins.generic.dates.received## 2020-02-29
##plugins.generic.dates.accepted## 2021-01-06
##plugins.generic.dates.published## 2021-12-22