Vagando na noite: encontros entre filosofia, educação e música, ao “som” de Derrida e Debussy (Roaming in the night: meetings between philosophy, education and music, to the “sound” of Derrida and Debussy)

Autores

  • Andréia Marin UFTM
  • Marcos Câmara de Castro

DOI:

https://doi.org/10.14244/198271993352

Resumo

The present writing was elaborated from speculations about possible encounters between philosophy, education and music. On the margins of music, where philosophy seeks some penetration, the theme of a supposed refusal to assimilation is announced, demanding the resumption of questions such as the permanence of a zone of indetermination not reached by the representational effort. This unavoidable opacity of the musical phenomenon moves it to a nocturnal dimension, a common destiny to everything that escapes the totalizing interests of a language committed to the objectifcation and nomination of things and of those conventionally called other. The nocturnal in philosophy and in music is object of reflections of Derrida and other thinkers, from which it is possible to glimpse a widening of the world, just where it is evident the merely formal character of the limits between what is said and unsaid, between what is human and what’s not. The text presented here includes some of these philosophical reflections, compared to musical creations that insinuate this nocturnal character, like those of Debussy. Additionally, possible consequences of the weakening of representational politics to subjectivation processes and alterity relations are highlighted, opening space for a thought about an education not compromised with the centrality of the human.

Resumo
A presente escrita foi elaborada a partir de especulações sobre possíveis encontros entre flosofa, educação e música. Nas margens da música, onde a flosofa busca alguma penetração, o tema de uma suposta recusa à assimilação se anuncia, exigindo a retomada de questões como a permanência de uma zona de indeterminação não alcançada pelo esforço representacional. Essa opacidade incontornável do fenômeno musical desloca-o para uma dimensão noturna, destino comum a tudo que escapa aos interesses totalizantes de uma linguagem comprometida com a objetivação e nomeação das coisas e dos que, a partir dela própria, se convencionou chamar de outros. O noturno na flosofa e na música é objeto de reflexões de Derrida e de outros pensadores, a partir das quais é possível vislumbrar uma ampliação do mundo, justamente onde se evidencia o caráter meramente formal dos limites entre o que é dito e não dito, entre o que é humano ou não. O texto aqui apresentado inclui algumas dessas reflexões filosóficas, cotejadas com criações musicais que insinuam esse caráter noturno, como as de Debussy. Adicionalmente, são destacadas possíveis consequências do enfraquecimento da política representacional para processos de subjetivação e relações de alteridade, abrindo espaço para um pensamento sobre educação não comprometido com a centralidade do humano.

Keywords: Nocturne, Music, Philosophy, Subjectivation.
Palavras-chave: Noturno, Música, Filosofia, Subjetivação.

References

BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaio sobre a imaginação da matéria. Trad. Antonio P. Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BULANCEA, Gabriel. Conexiones y divergencia entre el pensamiento de Claude Debussy y la estética impresionista y simbolista. Revista Filomusica, n.83, pp.1-4, abr.-jun. 2007.

CABRERA, Honatan F. Dar la mano. Sobre algunos trazos y trances del poema en el pensamiento de la alteridade: Levinas, Celan, Derrida. 2013, 173f. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Faculdade de Filosofia PUC-RS: Programa de Pós-Graduação em Filosofia, 2013.

DERRIDA, Jacques. O animal que logo sou. Trad. Fábio Landa. 2ed. São Paulo: Editora Unesp, 2011.

DERRIDA, Jacques. Cette nuit dans la nuit de la nuit… Rue Descartes, n.42, Politiques de lacommunauté, pp.112-127, nov.2003, Disponível em http://www.jstor.org/stable/40978797, acessado em 09/11/2015.

DERRIDA, Jacques. A voz e o fenômeno: introdução ao problema do signo na fenomenologia de Husserl. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994(a).

DERRIDA, Jacques. “The Spatial Arts: An Interview with Jacques Derrida”. In: Deconstruction and the Visual Arts: Art, Media, Architecture. Ed. Brunette, Peter y David Willis. New York: Cambridge University Press, 1994(b).

DERRIDA, Jacques. Points de suspension. Entretiens. Elisabeth Weber (org). Paris: Galilée, 1992.

DERRIDA, Jacques. “Cequi reste à force de musique”. In: Psyché. Inventions de l’autre. Paris: Galilée, 1987.

DURÁN, Cristóban. Una voz temblorosa. Música y auto-afección en Jacques Derrida. Aisthesis, n.58, pp.45-58, 2015.

GRAY, P.M.; KRAUSE, B.; ATEMA, J.; PAYNE, R.; KRUMHANSL, C.; BAPTISTA, L. The Music of Nature and the Nature of Music. Science, v.291, n.5501, p.52-54, jan. 2001.

GUIGUE, Didier. Estética da sonoridade: a herança de Debussy na música para piano do século XX. São Paulo: Perspectiva; Brasília: CNPq; João Pessoa: UFPB, 2011.

HANDKE, Peter. Numa noite escura saí da minha casa silenciosa. Cruz quebrada, Portugal: Casa das Letras, 2006.

HARARI, Yuval N. Sapiens: uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Editora J&PM, 2015.

JANKÉLÉVITCH, Vladimir. La musique et l’ineffable. Paris: Seuil, 1983.

JOÃO DA CRUZ, São. Obras completas. Tradução das Carmelitas descalças de Fátima (Portugal) e Carmelitas descalças do convento de Santa Tereza (Rio de Janeiro). Petrópolis: Vozes, 2002.

LAMUR, Jorge P. Entre a vanguarda e a tradição: considerações sobre dois momentos na obra musical de Claude Debussy (1894-1915). Curitiba: Faculdade de Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, 2010. Monografia.

MALLET, Marie L. La musique en respect. París: Galilée, 2002.

NIETZSCHE, Friedrich. Aurora: reflexões sobre preceitos morais. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

OLIVEIRA, Clovis S. G. Nietzsche e a experiência musical: três momentos, três luminosidades. Primeiro momento A música: espelho da noite. II Colóquio Internacional Nietzsche, Pessoa, Rosa, Freud. Belo Horizonte: PUC Minas Gerais, 2015(a).

OLIVEIRA, Clovis S. G. Atributos privativos e musicais do fenômeno noturno. Aletria, Belo horizonte, v.25, n.1, pp.165-182, 2015(b).

OLIVEIRA, Clovis S. G. O elogio à noite em Vladimir Jankélévitch (1903-1985). Mirabilia, n.20. Arte, crítica e mística, pp.414-424.  Jan.-jun. 2015(c).

RODRIGUES, Felipe V. Fisiologia da música: uma abordagem comparativa. Revista de Biologia, v.2, pp.12-17, jun.2008.

SCHOPENHAUER, Arthur. O mundo como vontade e representação. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

SEEGER, Anthony. Por que os índios Suyá cantam para suas irmãs? In: VELHO, G. (Org.) Arte e Sociedade: ensaios de sociologia da arte. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.

THOREAU, Henry D. Walden ou a vida nos bosques. Trad. Astrid Cabral. São Paulo: Ground, 2007.

Métricas

Carregando Métricas ...

Downloads

Publicado

10-05-2019

Como Citar

MARIN, A.; CASTRO, M. C. de. Vagando na noite: encontros entre filosofia, educação e música, ao “som” de Derrida e Debussy (Roaming in the night: meetings between philosophy, education and music, to the “sound” of Derrida and Debussy). Revista Eletrônica de Educação, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 401–416, 2019. DOI: 10.14244/198271993352. Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/3352. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Educação, Cultura e Subjetividade (Dossier Education, Culture and Subjectivity)
##plugins.generic.dates.received## 2019-03-17
##plugins.generic.dates.accepted## 2019-03-17
##plugins.generic.dates.published## 2019-05-10